sábado, 10 de novembro de 2007

Marxismo: Doutrina De Morte, A História Que Falta Contar 4

A alienação é pois negativa porque implica e impõe uma negação da liberdade do homem, uma desumanização, uma conversão do «humano no animal». A alienação não é uma situação natural mas histórica. A alienação fundamental é pois a económica, a do trabalho alienado. O carácter radical da alienação económica promove outras formas de alienação, como a social. Marx fabrica ainda a alienação filosófica. A transformação prática das condições materiais (socioeconómicas) da vida acabariam, pensava Marx, com a religião. O marxismo pode ser considerado um humanismo na medida em que promove uma crítica e luta contra a “alienação” do homem, tendo como finalidade acabar com a sua exploração, com a sua conversão em coisa (em algo inumano) e obter a libertação. O humanismo tem a sua origem no Renascimento, que viu nascer o romance picaresco, malicioso, ocupando um lugar de primazia na configuração de um anti-herói, arvorado em novo tipo de herói: Baixa ascendência, fanfarrão, manhoso, mentiroso, valentão, trapaceiro, ladrão. Obras deste tipo original de representação de herói. O Lazarillo de Tormes (1554), o Guzmán de Alfarache (1599/1604), de Mateo Allemán, El Buscón (1626), de F. de Quevedo, La Pícara Justina (1605), de F. López de Úbeda. O humanismo marxista advoga pois a liberdade, a racionalidade e a personalidade do homem. Neste sentido, o marxismo defende o ideal racionalista iluminista do homem.

O marxismo é, também, um humanismo na medida em que nega a existência de um ser superior à natureza e ao homem. O humanismo marxista é ateu, nega a existência de Deus e afirma a primazia, suficiência e autonomia do homem. Seguem-se os conceitos elementares do materialismo histórico: Estrutura-económica ou infra-estrutura; Superestrutura; Modo de produção; Formação social; Revolução social. O motor da história é pois a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, ou, o que vem a dar no mesmo a luta de classes. «A história de toda a sociedade existente» escreve Marx, no Manifesto Comunista, «é a história da luta de classes». O vector ou fim para o qual a história se dirige é o desaparecimento das classes e a instauração do comunismo. Ao negar Deus e o culto a um ser superior, desaparece a base para noções como o perdão, a caridade, a compaixão e o amor. O marxismo oferece ao ser humano uma fundamentação falaciosa para a vingança. Ao negar que o homem tem espírito, o marxismo desliga-se de toda a acusação, e ao não assumir responsabilidade eterna pelas suas acções é livre de actuar como lhe aprouver. Assim, atinge-se o totalitarismo comandado pelo instinto mais primitivo do ser humano. Na perspectiva comunista da dialéctica, há implícita uma justificativa para o conflito. O conflito não é algo bom nem mau; é um elemento necessário no processo de desenvolvimento. Como uma vez advertiu Mao Tsé-Tung aos seus seguidores: “Cada revolucionário deve reconhecer esta verdade: “o poder político sai do tambor de uma pistola”. Para os comunistas, Karl Marx representa uma espécie de profeta ou patriarca.

Tudo começa com a redacção, em 1848, do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels. Documento doutrinário fundamental na consolidação e divulgação dos pontos de vista do comunismo, O Manifesto incita à revolta e à luta do proletariado a fim de operar a revolução, que se quer mundial. Premissa comum a todas as ramificações deste movimento é a propriedade colectiva dos meios de produção, geridos pelo Estado de modo a garantir o bem-estar de todos os cidadãos (e não apenas de alguns) e a evitar a exploração do homem pelo homem, apontada como característica do sistema capitalista. O comunismo, através de revoluções, tomou o poder em vários países.

A Revolução Russa de 1917 foi o primeiro momento. Depois da Segunda Guerra Mundial, a esfera revolucionária soviética, através de ocupações ilícitas cobriu todo o Leste Europeu. Entretanto, Mao Tsé-Tung vencia a guerra civil e instaurava, em 1949, um regime de tipo comunista na China; o cubano Fidel Castro levava a cabo uma revolução com sentido semelhante no seu país; e várias nações asiáticas, sob inspiração soviética ou chinesa, adoptavam regimes análogos ao emancipar-se das potências coloniais europeias.
Impressionante testemunho, chega-nos pelas mãos de Sylvestre M. e Pierre Z.: “Em 1939 guardas russos para celebrar o poder da grandeza da Rússia diziam: «A Polónia tem apenas 35 milhões de habitantes. Que vale isso? Entre nós, só os prisioneiros atingem esse número.» Nos nossos dias, o numero de prisioneiros certamente aumentou, graças ao facto de a Rússia ter aumentado o seu território «libertando» do domínio nazi várias regiões e prendendo e deportando em massa para a Sibéria as respectivas populações.

A tirania euro-asiática avança, em marcha acelerada, para o Ocidente, tendo por instrumento e símbolo o chicote, com o qual mantém em pleno êxito, uma massa de escravos em obediência cega. Na verdade os russos dividem-se em escravos e tiranos.
A administração soviética, isto é, russa, sufoca de forma definitiva qualquer movimento que tente manter ao menos um simulacro de independência nos povos «libertados». A sua política de prisão e deportação mostra quanto é verdadeira tese de Lenine: «A Rússia é uma prisão dos povos». Segundo as várias noticias que chegam dos países ocupados pelo exército vermelho – Polónia, Roménia, Hungria e Jugoslávia – verifica-se que a tese de Lenine continua em vigor. O processo de intimidação dos adversários do comunismo mantém-se e reforça-se. Condena-se qualquer tentativa de defesa da democracia e da liberdade humana, bem como toda a critica desfavorável ao totalitarismo russo. Quem a ousa fazer é logo classificado de «fascista» e excomungado não só na opinião dos bolcheviques e comunistas mas também na de toda a sociedade.

O funcionário que trata da instrução procura obter a confissão por todos os meios: com armadilhas, pelo terror (celas de castigo, situadas em profundas caves cheias de água), com espancamentos e com as mais refinadas torturas físicas e morais. Tenta produzir um enfraquecimento da vontade por qualquer meio: pelo isolamento durante vários dias, com interrogatórios realizados geralmente de noite, despertando o preso diversas vezes em cada noite e repetindo-lhe cem vezes a mesma pergunta:
- Confessas que és um espião?

Porque a Rússia está tomada pelo complexo da espionagem.
Não existe na Rússia uma família que não tenha parentes próximos nos trabalhos forçados. O valor da pessoa humana no regime soviético é puramente estatístico. Os métodos de educação soviéticos lançam milhares de crianças nos campos de trabalho, onde ficam em contacto com os piores criminosos e submetidos à influência deletéria destes últimos. Assim se criam novas gerações de delinquentes.

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